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Sobre nós

Pertencemos à Ordem de Santa Clara e vivemos a vida contemplativa em clausura.

A nossa vida orante tem por finalidade «a redenção dos homens e a perfeita glorificação de Deus».

Foi por este motivo que em 1976, o Ex.mo e Reverendíssimo Sr. D. Aurélio Granada Escudeiro, então Bispo Coadjutor de Angra e Ilhas dos Açores, solicitou da Santa Sé um Mosteiro de Clausura na sua Diocese.

Este Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês, situado na freguesia de Calhetas da Ribeira Grande foi construído a partir da casa e Ermida de Nossa Senhora das Mercês e dos terrenos que foram doados à Igreja pelo Sr. António Medeiros Frazão e D. Maria Leonor Silveira Frazão.



D. Maria das Mercês, mãe do Sr. António Frazão alcançara geral consideração pelas suas muitas virtudes, e o filho e a nora, recordando a sua memória, construíram uma pequena Ermida consagrada a Nª Senhora das Mercês.

O casal Frazão eram abastados e não tinham filhos. Orientados por Fr. Mário Branco,  sacerdote franciscano e extraordinário orador, instituíram várias obras de promoção social em favor das crianças, jovens e idosos desta freguesia de Calhetas. Assim nasceu a «Obra de Socorro de Nª Sra. das Mercês». O Sr. António Frazão faleceu a 24 de Julho de

1959 e a sua esposa a 2 de Setembro de 1974. No seu Testamento doaram à Diocese todas as suas propriedades, deixando explícito que a sua casa de residência seria cedida a qualquer Ordem Religiosa que continuasse aquela Obra Social.






O Sr. D. Aurélio, então Bispo Coadjutor de Angra, incumbe Fr. Luís de Sousa, sacerdote franciscano, natural de Ponta Garça e que estava de passagem por S. Miguel, de averiguar uma comunidade religiosa que desse cumprimento àquela instituição. Nenhum Instituto de Vida Ativa tinha membros disponíveis para tal obra.



Fr. Luís de Sousa com o consentimento do Senhor Bispo falam do caso às Irmãs Clarissas de Câmara de Lobos – Madeira. O Assistente Religioso da Federação de Clarissas em Portugal, Rvdo. Padre Fr. José do Nascimento Barreira, bem como a Presidente, Madre Maria Cruz Clara, aceitam a fundação de um Mosteiro com a casa de trabalho anexa exigindo as devidas adaptações para a clausura das Irmãs. No dia 3 de Dezembro de 1975, festa litúrgica de S. Francisco Xavier, pisaram pela 1ª vez o terreno açoriano 2 Irmãs Clarissas da Ilha da Madeira com a finalidade de, com sua Excia. Revma. Senhor D. Aurélio tratarem do assunto da fundação. Eram a Rev. da Madre Bernardete, Superiora do Mosteiro de Nª Senhora da Piedade, Caldeira, e a Irª Verónica da Santa Face.


No dia 20 de Maio de 1976 pelas 18 horas, procedeu-se ao Lançamento da 1ª Pedra deste  Mosteiro de Nª Senhora das Mercês. A Santa Missa foi celebrada no verdejante e pitoresco quintal da casa do Sr. Frazão. Presidiu Sua Ex. cia Reverendíssima, Sr. D. Aurélio, Bispo Coadjutor, concelebrando muitos sacerdotes, entre eles, o Provincial da Ordem dos Frades Menores, Fr. Manuel Marques Novo e Fr. Luís de Sousa, Superior da comunidade Franciscana da Penha – Ilha da Madeira. Estavam também presentes autoridades civis, a Madre Bernardete e Irª Conceição da Imaculada, Clarissas, vindas da Madeira para esta Efeméride. Presentes muitas Religiosas desta Ilha de S. Miguel, bem como muitos fiéis. A Santa Missa foi abrilhantada pelos grupos corais da Matriz e Conceição da Ribeira Grande. Eis alguns pontos da homilia do Senhor D. Aurélio: «Reunimo-nos aqui, nesta Concelebração, que expressa a união do Sacerdócio entre Padres e Bispos, e também -Sacerdócio espiritual - entre leigos e Padres, para, em Eucaristia, procedermos à Bênção da Primeira Pedra do Mosteiro das Clarissas. Chamar-se-á, querendo Deus, de Nossa Senhora das Mercês. Voltarão as Clarissas aos Açores: voltarão a esta Ilha que tanto perfumaram com sua virtude e vidas exemplares. (…) É a PRIMEIRA PEDRA DA IGREJA. A Igreja, num Mosteiro, é o centro, o lugar onde se reúnem as monjas, o lugar do sacrifício eucarístico e da oração particular. É o coração do Mosteiro…» No dia 19 de Agosto de 1976 foi emitida pela Santa Sé o Breve da Fundação.

O Senhor Bispo confiou à Sra. Professora D. Francisca de Vasconcelos e a Fr. Luís de Sousa a responsabilidade de adaptarem a casa do Sr. Frazão a um Mosteiro.

A Sr. D. Francisca, de grata memória, não tinha mãos a medir; muito trabalhou, e das suas economias gastou mais do que podia não só com os mestres, tintas e madeiras, loiça de mesa e alumínios de cozinha, mas também comprando os vasos sagrados: Píxide, galhetas e cálice, tudo em prata. Contatou muitas pessoas para a ajudarem neste imenso trabalho: a jovem professora Mª de Lurdes Mota e o seu irmão João, a D. Judite Amorim, afilhada do casal Frazão e seu marido, a jovem Zita de Sta. Bárbara, a família Carreiro de Almeida do Pico da Pedra, entre outras tantas  que repararam os catres e prepararam as camas. A sala de serão do casal ficou em Capela e Coro das Irmãs separados pelo gradeamento. O sótão foi dividido em celas. A despensa e cozinha ficaram intatos, e a copa em refeitório. Parecia mesmo construído para um Conventinho.

Muitas pessoas ajudaram neste imenso trabalho de adaptação.


No dia 28 de Dezembro de 1976, após tormentosa viagem, chegam ao aeroporto de Ponta Delgada – S. Miguel, as 8 Irmãs fundadoras e a postulante Mª das Mercês, acompanhadas de Fr. Luís de Sousa. No coro baixo do Mosteiro de Nª Sra. da Esperança onde se encontra a venerada Imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, outrora Mosteiro de Clarissas tiveram a primeira Missa presidida pelo Senhor Bispo D. Aurélio. Numa comovente oração ao Senhor Santo Cristo, dizia o Pe. Dr. Hermínio Pontes: «Elas aqui estão: tuas filhas Clarissas! Voltaram outra vez à sua Terra! Prolonga este teu manto numa bênção de misericórdia para elas e para as futuras que hão-de vir!». E porque o Conventinho de Calhetas ainda não estava completamente pronto, as Irmãs ficaram uns 3 dias no Colégio de S. José de Cluny e na Casa das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração.


Finalmente chegou o dia da Fundação do Mosteiro: 2 de janeiro de 1977, Domingo da Epifania do Senhor, marco histórico para os «Açores, Arquipélago Franciscano». A solene concelebração Eucarística foi presidida por Sua Ex. cia Rev.ma.  Sr. D. Aurélio Granada Escudeiro, Bispo Coadjutor, tendo como concelebrantes o Sr. D. Manuel Afonso de Carvalho, Bispo residencial da Diocese de Angra e Ilhas dos Açores, Pe. Dr. Hermínio Pontes, Mons. João Maurício, Fr. Luís de Sousa, Pe. Simão Paiva, Pe. António de Almeida

Maia, Pe. Luís Cabral e Pe. António Vieira, Pároco de Rabo de Peixe. Entre os participantes notamos a presença de membros da Família Frazão e da Comissão de apoio à construção do novo Mosteiro bem como da Fundação Pia Diocesana de Nª Senhora das Mercês. O grupo coral de Calhetas, regido pelo organista Ângelo Carvalho, acompanhou a cânticos a Eucaristia e o seu povo bem manifestou o seu contentamento com as ornamentações e com o estralejar de foguetes no momento da consagração. No final da concelebração foi lido o Decreto papal que cria o novo Mosteiro em terras açorianas, depois que se organizou um cortejo, o qual introduziu as Irmãs Clarissas na sua clausura.  Seguidamente, na capela provisória, o Sr. D. Aurélio procedeu à solene exposição do Santíssimo Sacramento, onde Jesus ficaria exposto de dia e de noite para a adoração perpétua das irmãs e de quantos ali acorriam para adorarem e louvarem o Senhor no seu Sacramento de amor.

A partir do dia 2 de Janeiro, as irmãs começam a viver integralmente a sua vida claustral sob a presidência da Irª Mª Teresa do Santíssimo Sacramento, superiora-delegada.  Foi nomeado Capelão o Rev.do Dr. Hermínio Pontes, Vigário Espiscopal, até à vinda dos Franciscanos para esta freguesia de Calhetas que se deu a 27 de Fevereiro deste mesmo ano de 1977. Desde que as Irmãs cá chegaram foram ajudadas por numerosos benfeitores e pela Comissão organizada para o efeito. Seria muito longo especificar aqui os seus nomes; «estão inscritos no Céu, no Livro da Vida» e também na Crónica do Mosteiro. Muito cedo começou a aparecer pedido de trabalho: confeção de hóstias, bordados e as Bolsinhas do Senhor Santo Cristo dos Milagres (Relíquias).


A Primeira Visita Canónica e Capítulo de Eleições deu-se a 24 de Setembro de 1977 e foi presidida pelo Pe. Dr. Hermínio Pontes, delegado do Sr. Bispo D. Aurélio. O governo do Mosteiro ficou assim constituído: Madre Abadessa - Irª Teresa; Vigária - Irª Celina; Conselheiras – Irª Verónica, Irª Clara de Maria e Irª Susana. E as jovens foram batendo à porta do Mosteiro desejosas de também viverem aquela sublime vida de oração e silêncio. A Mestra de Noviças era a Irª Celina do Divino Coração. E o Conventinho começou a ficar pequeno demais. Entretanto, no dia 2 de Maio de 1979  começaram as obras do novo Mosteiro a cargo da Firma A. L. Simões. A planta do Mosteiro e Capela foram oferecidas pelo Sr. Arquiteto Simões que faleceu a 20 de Dezembro de 1977 sem ver as obras começadas. Paz à sua alma.

Depois de muitos esforços por parte do nosso Bispo, da Comissão e ajuda de muitos benfeitores foi possível a Inauguração do Mosteiro a 9 de Maio de 1980. Na sua homilia, dizia o Sr. D. Aurélio: «É com muita alegria e em atitude agradecida a Deus que eu, com o Sr. D. Daniel Cronin, ilustre bispo de Fall River, procedo à inauguração solene do novo Mosteiro de Clarissas, o Mosteiro de Nª Senhora das Mercês (…) um mosteiro onde religiosas contemplativas possam louvar dia e noite ao Senhor, e por nós orando e sacrificando-se(…)».

Graças à ajuda do Governo Regional dos Açores, na pessoa do seu Presidente, Dr. João Bosco Mota Amaral, dos muitos pedidos do Sr. D. Aurélio junto dos emigrantes dos Estados Unidos e da Alemanha foi possível a construção da nova Capela, e a 22 de maio de 1981 procedeu-se à Benção e inauguração. Presidiu à Celebração Eucarística o Sr. D. Aurélio contando com a honrosa

presença de D. Johannes Joachim, arcebispo de Paderborn -Alemanha. Presentes o Dr. João Bosco Mota Amaral e seus colaboradores mais próximos, sacerdotes, religiosas e muito povo de Deus que encheram a ampla capela.




No 23 de Maio de 2009  a Capela do nosso Mosteiro foi Dedicada ao Imaculado Coração de Maria. Presidiu a esse solene ato, o Sr. D. António Sousa Braga, bispo desta Diocese de Angra -Açores. Concelebraram alguns sacerdotes e muitos fiéis da paróquia de Calhetas. Devido a obras na Igreja paroquial, aqui celebravam o culto divino e neste dia receberam o Sacramento do Santo Crisma vários jovens desta freguesia.

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A Bênção do Senhor Deus Altíssimo que começou tão grande obra e a proteção de Nossa Senhora das Mercês.

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