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ANUNCIAÇÃO E ENCARNAÇÃO DO SENHOR (25 de Março)


Imagem original do Menino Jesus de Praga

«Deus que, no decorrer dos séculos, tinha encarregado os profetas de transmitir aos homens a Sua palavra, ao chegar a plenitude dos tempos, determina enviar-lhes o Seu próprio Filho, o seu Verbo, a Palavra feita Carne.

No momento da Anunciação, através do Anjo Gabriel, Deus expõe a Maria os seus desígnios. E Maria, livre, consciente e generosamente, aceita a vontade do Senhor a seu respeito, realizando-se assim o mistério da ENCARNAÇÃO do VERBO. A Segunda Pessoa da Santíssima Trindade começa a sua existência humana. O Deus Altíssimo torna-se o «Deus conosco».

Nos desígnios de Deus, José foi o homem escolhido para ser o pai adotivo de Jesus. É no seio da sua família modestíssima que se realiza o MISTÉRIO DA INCARNAÇÃO DO VERBO.


ORANDO E CONTEMPLANDO O MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO DO SENHOR

Com a Bem-aventurada Ângela de Folinho

Meu Deus, fazei-me digna de rastrear o mistério altíssimo que, por caridade da mesma Trindade, a vossa ardentíssima e inefável caridade operou, ou seja, o MISTÉRIO DA VOSSA SANTÍSSIMA ENCARNAÇÃO, princípio e fonte da nossa salvação. A vossa Encarnação, Senhor, nos encheu de amor e nos deu a certeza da salvação.

Ó insondável caridade! Maior do que esta, outra não há! O Verbo fazer-se carne para a mim me fazer Deus! Ó amor de entranhável caridade! Ao tomar forma humana, de Vós vos despojastes para me fazer alguém! A vossa divindade não ficou diminuída na forma de servo que tomastes, mas o abismo da vossa humilhação arranca-me das entranhas este grito de funda gratidão: Ó inefável, incompreensível, tornado compreensível! Ó incriado, feito criatura! Ó impensável, reduzido às proporções do meu tão acanhado pensamento! Ó inacessível aos sentidos humanos, por um prodígio de omnipotência feito palpável, sensível! Fazei-me digna de enxergar as profundezas da altíssima caridade que foi a vossa santíssima ENCARNAÇÃO.

Senhor Deus incriado, fazei-me digna de aprofundar os abismos do vosso Amor e da vossa ardentíssima caridade, fazei-me digna de entender a vossa caridade sem limites ao dar-nos, na Encarnação, o vosso Filho Jesus Cristo; de entender a revelação que o mesmo vosso Filho nos fez de que Vós sois o nosso Pai. Senhor, fazei-me digna de conhecer e entender a caridade com que me criastes. Tornai-me capaz de alcançar e entender, ó incompreensível, a vossa caridade ardentíssima e acima de todo o preço, aquela vossa caridade entranhável com que desde a eternidade escolhestes o género humano para vos contemplar face a face, e com que vos dignastes, ó Altíssimo, também querer ver a nossa face.

Ó Sumo Ser, fazei-me digna de entender esta graça que é sobre toda a graça: que todos os Anjos e Santos em mais não cuidem que em ver-Vos amado, em amar-Vos e contemplar-vos. Ó Dom sobre todo o dom, que sejais Vós o mesmo Amor de caridade. Ó sumo Bem, quisestes fazer que nós Vos conhecêssemos como Amor de Caridade, e fazeis que amemos tal Amor! E todos quantos chegam à vossa presença tanta mais bem-aventurança gozarão quanto mais Vos tiverem amado. E nada há como o verdadeiro amor para arroubar os contemplativos à mais subida contemplação.

( Dos escritos espirituais de B. Ângela de Folinho)

NOTAS BIOGRÁFICAS: Ângela de Foligno nasceu na Úmbria em 1248. Deixando as vaidades do mundo professou na Ordem Terceira de S. Francisco e a ela levou muitas outras senhoras. Brilhou por seu fervoroso amor de Deus e do próximo, sobretudo pobres, e por sua humildade, paciência e pobreza. Cumulada por Deus de dons celestes, com extremos de piedade se entregou à contemplação dos mistérios da vida de Cristo, sobre os quais deixou alguns escritos de apreciada doutrina espiritual, pelo que mereceu ser chamada «Mestra de teólogos». Morreu em Foligno no ano de 1309.

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